Baixa procura e alternativas para a universidade em um novo contexto
Ocupar todas as vagas disponibilizadas nos cursos de graduação é uma obrigação da universidade pública. No passado, a universidade pública foi a opção mais acessível às camadas mais pobres da população. Esse quadro foi alterado pela agressiva oferta de vagas em cursos de ensino a distância pelas instituições de ensino superior particulares. Nos últimos anos, o número de matrículas em cursos EAD cresceu a médias superiores a 20 %. Hoje, essa modalidade representa 45,9% do total de estudantes matriculado no ensino superior do Brasil e se concentra quase integralmente na rede privada, que detêm 56,3% do total de matrículas no país.
As universidades públicas não podem mais ignorar esse novo cenário e tratar o vertiginoso crescimento do número de vagas ociosas como um problema de marketing e de flexibilização dos mecanismos de ingresso. Precisamos encarar a dura tarefa de reavaliar nossos cursos e o modo como são ofertados em vista do contexto social e cultural onde estão inseridos. Mas isso é preciso ser feito não pontualmente, com ações paliativas para aqueles cursos considerados de menor procura. Não é isso que se espera de uma universidade que presa pela sua integridade e organicidade.
A baixa procura não vitimiza apenas este ou aquele curso; vitimiza sobretudo a própria universidade, a educação pública de maneira geral. No Paraná, não temos mais que 25% da população entre 18 e 25 anos matriculada no ensino superior, público e privado. O sentido e a missão da universidade estão justamente no acolhimento e promoção indistintos de todos os saberes científicos, filosóficos e artísticos. Na busca por nos tornarmos uma grande universidade, não vamos deixar nenhum curso pelo caminho.
O Movimento UFPR compromete-se em constituir um grupo de trabalho permanente para acompanhar e mapear as áreas de baixa procura e traçar estratégicas institucionais para, a médio prazo, zerarmos os índices de vagas ociosas em todos os cursos da UFPR.
Partager